🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Junho de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Glenn Greenwald e David Miranda não foram acusados de atentar contra segurança do Reino Unido

Por Amanda Ribeiro

10 de junho de 2019, 14h25

Não é verdade que o jornalista americano Glenn Greenwald, editor fundador do site The Intercept Brasil, e seu companheiro, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), foram acusados de atentar contra a segurança pública do Reino Unido.

Publicações nas redes sociais (veja aqui) distorcem e falseiam informações sobre a detenção de Miranda no Aeroporto de Heatrow, em Londres, em novembro de 2013. Detido com base na Lei de Terrorismo britânica por suspeita de portar documentos confidenciais, ele foi liberado sem acusações após prestar depoimento por nove horas. Greenwald não estava presente na ocasião. Em 2016, tribunal do Reino Unido reconheceu a legalidade da detenção, mas disse que o ato era incompatível com a Convenção Europeia de Direitos Humanos, que protege a liberdade de expressão ligada a materiais jornalísticos.

A informação falsa passou a circular nas redes sociais depois que o site The Intercept Brasil publicou, no último domingo (9), uma série de mensagens privadas atribuídas ao ministro da Justiça, Sergio Moro, e ao procurador Deltan Dallagnol. A desinformação, que acumulava até a manhã desta segunda (10) cerca de 1.300 compartilhamentos no Facebook, foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO
Ele [Glenn Greenwald] e seu par sexual (David Miranda - PSOL) são acusados de atentar contra a segurança pública do Reino Unido.

A postagem compartilhada no Facebook distorce informações sobre um incidente com David Miranda em novembro de 2013, quando ele foi detido no aeroporto de Heathrow, em Londres, suspeito de carregar, em uma conexão entre Berlim e o Rio de Janeiro, documentos confidenciais divulgados por Edward Snowden, ex-funcionário da NSA (National Security Agency, a agência de segurança nacional americana).

À época, Miranda, que levava computador, DVDs, discos rígidos e pen drives, foi interrogado durante nove horas — máximo permitido pela lei britânica contra o terrorismo — e liberado sem acusações formais. Glenn Greenwald não estava presente na ocasião.

Em 2016, a Corte de Apelações do Reino Unido reconheceu que a cláusula usada para justificar a detenção de Miranda em 2013 mostrou-se incompatível com a Convenção Europeia de Direitos Humanos, que protege a liberdade de expressão ligada a materiais jornalísticos. O tribunal britânico, porém, reconheceu a detenção como legal.

A detenção de Miranda foi feita com base na Lei de Terrorismo britânica, que permite que viajantes sejam levados a interrogatório sobre possíveis ações terroristas sem direito a aconselhamento jurídico.

O episódio ocorreu na sequência da divulgação, por Glenn Greewald, em 2013, no jornal britânico The Guardian, de uma série de documentos vazados por Snowden que detalhavam práticas ilegais de espionagem conduzidas pela agência norte-americana.

Agora, a desinformação passou a circular nas redes sociais desde que o site de notícias The Intercept Brasil divulgou, no último domingo (9), uma série de reportagens que detalham trocas de mensagens atribuídas ao procurador Deltan Dallagnol e ao ministro da Justiça, Sergio Moro, e que indicam uma condução informal da Operação Lava Jato. O site têm Glenn Greenwald entre seus fundadores e editores.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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