Vídeo distorce fatos sobre operação antiga para sugerir perseguição a manifestantes de direita

Por Luiz Fernando Menezes

21 de março de 2024, 18h36

Não é verdade que uma reportagem do Fantástico, da Globo, manipulou informações sobre uma operação recente da Polícia Civil do Distrito Federal contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ação policial ocorreu em 2020, e os fatos descritos pelo programa foram confirmados pelas autoridades. As peças de desinformação omitem ainda que a operação ocorreu porque o grupo investigado havia atacado o STF (Supremo Tribunal Federal) e ameaçado o governador Ibaneis Rocha (MDB).

As publicações enganosas acumulavam ao menos 1.000 compartilhamentos no Facebook e centenas curtidas no Instagram até a tarde desta quinta-feira (21). As peças de desinformação circulam também no WhatsApp.

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Selo falso

ESSES CRIMINOSOS ESQUERDISTAS ESTÃO PASSANDO DOS LIMITES. ISSO É ABOMINÁVEL!!! COMO UM SER HUMANO É CAPAZ DE TANTAS ARMAÇÕES CRIMINOSAS PARA INCRIMINAR AS PESSOAS QUE LUTAM POR LIBERDADE E DEMOCRACIA E JUSTIÇA PARA TODOS.

Homem compara reportagem do Fantástico com áudio de policial civil para sugerir manipulação

É enganoso o vídeo em que um homem não identificado compara informações apresentadas por uma reportagem do Fantástico com o conteúdo de um áudio gravado por um suposto policial civil sobre uma operação realizada contra extremistas em Brasília. A publicação faz diversas distorções para fazer crer que a imprensa e as forças policiais estariam manipulando a opinião pública para criminalizar a extrema-direita:

  • A operação citada pelas peças de desinformação não é recente: ela ocorreu em 2020 e foi comandada pela PCDF, órgão ligado ao governo distrital;
  • A ação policial foi organizada após os manifestantes realizarem ataques contra o prédio do STF e ameaçarem o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha;
  • A reportagem do Fantástico não divulgou nenhuma informação incorreta sobre a operação.

A peça de desinformação se refere a uma operação de busca e apreensão realizada em junho de 2020 em uma chácara em Arniqueira (DF). O local foi identificado como um ponto de encontro do grupo “300 do Brasil”, formado por apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro. Seus membros tinham sido responsáveis, dias antes, por lançar fogos de artifício contra o prédio do STF e atacar enfermeiros que protestavam em Brasília contra o avanço da Covid-19 no país.

Na operação, comandada pelo Cecor (Coordenação Especial de Repressão à Corrupção e Ao Crime Organizado), da Polícia Civil, os agentes apreenderam mais fogos de artifício, um facão, anotações que detalhavam planos de ação e celulares. Essas informações e as imagens da operação foram divulgadas pelo Fantástico.

Dias depois, passou a circular nas redes um áudio de um suposto policial civil que teria participado da operação. Nele, o homem diz que a ação teria sido “vergonhosa”, “sem materialidade delituosa” e que os agentes não haviam encontrado nenhuma arma de fogo, ao contrário do que se esperava. Esse áudio é usado pelas peças de desinformação como contraposição às matérias do Fantástico.

Procurada pelo Aos Fatos, a Polícia Civil confirmou que o autor do áudio era um policial, mas afirmou que ele não tinha acesso a informações relacionadas à operação. “A investigação mencionada foi desencadeada em 2020, após a divulgação de vídeos em redes sociais por manifestantes, indicando o armazenamento de armas em acampamentos no Distrito Federal e ataques ao STF. Adicionalmente, declarações públicas contendo ofensas e ameaças ao governador do Distrito Federal por parte do proprietário do terreno objeto do mandado de busca e apreensão também fundamentaram a operação”, diz a nota.

A Polícia Civil também afirmou que instaurou um procedimento disciplinar para investigar o autor do áudio e aplicar as medidas corretivas cabíveis.

Referências:

1. Folha de S.Paulo
2. O Globo
3. g1
4. Globoplay

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