🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Dados do CDC voltam a ser distorcidos para sugerir mortes após vacinação nos EUA

Por Luiz Fernando Menezes

4 de março de 2021, 13h29

Informações contidas numa plataforma de livre acesso do CDC (Centers for Disease Control, órgão de saúde do governo americano) voltaram a ser distorcidas para afirmar que as vacinas contra a Covid-19 já teriam causado 501 mortes e 11 mil reações adversas nos EUA (veja aqui). Na verdade, como já verificado pelo Aos Fatos, os relatos são feitos por qualquer pessoa e de forma espontânea, sem passar por verificação governamental ou apresentar evidências clínicas.

Os dados descontextualizados, que já haviam circulado em postagens nas redes sociais no início de fevereiro, foram mencionados pela comentarista Ana Paula Henkel no programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, no dia 25 de fevereiro e novamente ganharam difusão nas plataformas.

Publicações que compartilham a fala de Henkel acumulavam mais de 6.000 compartilhamentos até a tarde desta quinta-feira (4) no Facebook e foram marcadas com o selo DISTORCIDO na plataforma de verificação da rede social (saiba como funciona).


Voltou a circular nas redes sociais a informação enganosa de que o CDC teria registrado 501 mortes e 11 mil reações adversas por conta das vacinas contra a Covid-19 nos EUA. Como a entidade alerta, sua base de dados agrega relatos sobre efeitos adversos à vacinação submetidos por qualquer pessoa e não têm comprovação. Nos últimos dias, desinformação foi impulsionada por um comentário de Ana Paula Henkel em uma edição do programa Os Pingo nos Is, da rádio Jovem Pan, veiculada no dia 25 de fevereiro e que passou a viralizar na última semana.

Ainda no início de fevereiro, Aos Fatos checou outras peças de desinformação que também distorciam os dados do órgão de saúde americano para falsamente alegar que a campanha de imunização nos EUA estava causando centenas de mortes e milhares de reações adversas.

Com base nas mesmas alegações, Ana Paula Henkel disse que os relatos da VAERS (Vaccine Adverse Event Reporting System) - plataforma do CDC que permite a qualquer pessoa relatar quaisquer eventos relacionados a vacinas, sem necessidade de apresentação de provas ou verificação de identidade - revelam um cenário de “roleta russa”.

“Os dados são um pouco alarmantes. 501 pessoas morreram pós-vacina. Outras 11 mil tiveram algum tipo de reação adversa no período aí de 45 dias. Entre os efeitos colaterais, 156 são permanentes, 13 abortos, 139 assimetrias faciais e 383 pessoas ofereceram risco de morte”, afirmou.

O próprio CDC afirma que os dados apresentados na VAERS não permitem nenhuma interpretação de causa e efeito a partir dos números e que “não é possível descobrir por meio dos dados da VAERS se a vacina causou o efeito adverso relatado”. Ou seja, os relatos não podem ser citados como fatos estabelecidos pois carecem de verificação oficial.

O objetivo da plataforma aberta, criada em 1990 pelo governo americano, é detectar possíveis problemas com imunizações no país. “Se um sinal de segurança da vacina for identificado por meio da VAERS, os cientistas podem conduzir estudos adicionais para descobrir se o sinal representa um risco real”, explica o CDC.

Outro lado. Aos Fatos tentou entrar em contato com Henkel na tarde da última quarta-feira (3) por meio de seu Facebook, a única de suas redes sociais aberta para receber mensagens. Orientada pela Jovem Pan, a reportagem também tentou contatar a comentarista por meio da produção do Os Pingos nos Is. Até a publicação desta checagem, no entanto, não houve nenhum retorno.

Referências:

1. Aos Fatos
2. CDC (Fontes 1 e 2)


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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