🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Corrente de WhatsApp sobre ataque a Bolsonaro é nova versão de velha teoria da conspiração

Por Luiz Fernando Menezes

10 de setembro de 2018, 18h56

Não são verdadeiras as informações que constam em texto que vem sendo repassado pelo WhatsApp, assinado por “Gunther Schweitzer — Diretor de Jornalismo da agência Reuters”, que diz que Jair Bolsonaro forjou o ataque ocorrido em Juiz de Fora na última quinta-feira (6) em um conluio com Janaína Paschoal, seus filhos e médicos.

O texto nada mais é que uma nova versão de uma teoria da conspiração surgida na Copa do Mundo de 1998 e, portanto, uma história FALSA. Tampouco Gunther Schweitzer é diretor de jornalismo da agência Reuters.

Desde o ataque ao presidenciável do PSL, Aos Fatos vem checando o que é e o que não é verdade sobre o caso. Você pode conferir aqui tudo que já foi verificado.

Esta corrente foi enviada por uma leitora de Aos Fatos via WhatsApp como uma sugestão de checagem (saiba mais). Para participar, adicione o número (21) 99747-2441 nos seus contatos e envie uma mensagem pra gente com o seu nome.

Leia abaixo, em detalhes, o que foi checado.


FALSO

FACADA EM BOLSONARO - DIVULGADO O ESCÂNDALO QUE TODO MUNDO SUSPEITAVA...!!! — Talvez, isso explique a razão do jornalista Jorge Kajuru ter declarado a seguinte frase: "Se as pessoas soubessem o que aconteceu em Juiz de Fora, ficariam enojadas".

Está circulando pelo WhatsApp um texto que diz que o ataque sofrido pelo candidato à Presidência da República pelo PSL, o deputado Jair Bolsonaro, teria sido forjado. Nele, há a descrição de uma reunião “do próprio Jair Bolsonaro, [com a] a Sra. Janaína Paschoal, o Sr. Tércio Arnaud Tomaz, assessor do parlamentar, e o Sr. Gustavo Bebbiano, presidente do partido PSL, médicos e seguranças envolvidos na atuação”. Segundo a história, os médicos concordaram em simular uma cirurgia para ganhar cargos no Ministério da Saúde.

No entanto, nada disso é verdade. O texto nada mais é do que uma versão bem fiel de uma teoria da conspiração que nasceu na Copa de 1998 sobre o Brasil ter vendido o título para a França durante uma reunião com o “o técnico Mário Zagallo, o Sr. Américo Faria, supervisor da seleção, e o Sr. Ronald Rhovald, representante da patrocinadora Nike”.

Para efeito comparativo, Aos Fatos selecionou os três primeiros parágrafos do texto original e da corrente que está circulando atualmente no WhatsApp:

Corrente atual: FACADA EM BOLSONARO - DIVULGADO O ESCÂNDALO QUE TODO MUNDO SUSPEITAVA...!!! Talvez, isso explique a razão do jornalista Jorge Kajuru ter declarado a seguinte frase: "Se as pessoas soubessem o que aconteceu em Juiz de Fora, ficariam enojadas"

Muitos brasileiros ficaram chocados e tristes por terem visto um candidato a presidente da nação ser esfaqueado friamente em meio a uma multidão durante a campanha. Não deveriam.

O que está exposto abaixo é a notícia em primeira mão que está sendo investigada por rádios e jornais de todo o Brasil e alguns estrangeiros, mais especificamente CNN, El País e a rede BBC de Londres e deve sair na mídia em breve, assim que as provas forem colhidas e confirmarem os fatos.

Texto original da Copa de 1998: O ESCÂNDALO QUE TODO MUNDO SUSPEITAVA! Talvez, isso explique a razão do jogador Leonardo ter declarado a seguinte frase: "Se as pessoas soubessem o que aconteceu na Copa do Mundo, ficariam enojadas".

Todos os brasileiros ficaram chocados e tristes por terem perdido a Copa do Mundo de futebol, na França. Não deveriam.

O que está exposto abaixo é a notícia em primeira mão que está sendo investigada por rádios e jornais de todo o Brasil e alguns estrangeiros, mais especificamente Wall Street Journal of Americas e o Gazzeta delo Sport e deve sair na mídia em breve, assim que as provas forem colhidas e confirmarem os fatos.

Após a Copa de 1998, o texto voltou a aparecer na internet, com algumas mudanças. Há, por exemplo, uma versão gamer e uma versão Copa de 2018. No fórum HardMob, inclusive, há uma lista das várias versões que esta teoria da conspiração ganhou.

Além disso, o texto contém informações falsas. Nomes foram grafados incorretamente (em vez de Adélio, o agressor de Bolsonaro foi chamado de “Adelmo”) e a autoria do texto foi atribuída a uma pessoa que não é jornalista e nem trabalha na Reuters, como Aos Fatos confirmou com a agência de notícias. Gunther Schweitzer é, na verdade, um personal trainer que mora em Mogi das Cruzes, como mostrou a ESPN Brasil em 2014.

A Exame já explicou como Gunther passou a ser atribuído como autor desta teoria da conspiração, que acabou virando meme após ser repetida diversas vezes. Ele trabalhava na Volkswagen, recebeu o texto sobre a Copa de 1998 por e-mail, acreditou em seu conteúdo e o encaminhou para outras pessoas sem remover seu nome do rodapé da mensagem. Isso fez com que a mensagem fosse disseminada com a sua assinatura. Em outras versões do texto, Gunther já foi apresentado como diretor da ESPN e da Central Globo de Jornalismo.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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