🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Bolsonaro não disse que Marielle foi ‘apenas mais uma mulher negra que tombou’

Por Luiz Fernando Menezes

11 de fevereiro de 2019, 14h12

Por mais que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tenha relativizado, em ao menos quatro ocasiões, as circunstâncias da morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), é falso que ele tenha proferido a declaração: "Não sei porque tanto mi mi mi. Foi apenas mais uma mulher negra que tombou! É a vida, amigo!".

Em forma de meme, a falsa declaração passou a ganhar força e ser compartilhada nas redes sociais desde o fim de semana. Uma das publicações denunciadas por usuários do Facebook já acumula mais de 1.500 compartilhamentos. Todas os posts que trazem essa peça de desinformação foram marcados por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de verificação disponibilizada pela rede social (entenda como funciona).


FALSO

Bolsonaro: Não sei porque tanto mi mi mi. Foi apenas mais uma mulher negra que tombou! É a vida, amigo!

Segundo publicações que circulam pelo Facebook, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) teria proferido a declaração acima sobre o assassinato de Marielle Franco. Aos Fatos, porém, não encontrou registros de que ele tenha dito isso em entrevistas, pronunciamentos públicos ou mesmo em posts nos seus perfis oficiais nas redes sociais.

A frase em si inexiste, mas é verdade que Bolsonaro chegou a dizer, em entrevistas e pronunciamentos no ano passado, que a morte de Marielle Franco teria sido apenas mais uma no Rio de Janeiro e que o caso teria conquistado um tratamento diferenciado da imprensa em relação a outros assassinatos.

A vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados no dia 14 de março de 2018. As investigações prosseguem e ainda não se sabe ao certo quem são os mandantes ou quais as motivações para o crime.

Logo após o ocorrido, Jair Bolsonaro disse que não iria se posicionar publicamente sobre a morte da parlamentar, pois, segundo sua assessoria, a opinião seria "polêmica demais".

A primeira declaração pública do atual presidente sobre a morte da vereadora veio em entrevista ao site Poder 360, em 23 de março. Nela, Bolsonaro disse que preferiu manter silêncio sobre o assassinato para “não politizar o assunto” ou “fazer palanque acima disso” e que respeitava “as opiniões contrárias à minha, que ela sempre tinha”. Na entrevista, o então candidato presidencial do PSL culpou os direitos humanos, a legislação penal e as políticas de desarmamento pelo caso.

Em abril, em entrevista ao jornal O Globo, Bolsonaro disse que o assassinato de Marielle “não significa nada” para a democracia brasileira, que foi apenas “mais uma morte no Rio de Janeiro" e "temos que aguardar a investigação".

Um mês depois, em entrevista ao jornal O Tempo, quando perguntado se ele concordava com a decisão do governo federal de acionar a PF (Polícia Federal) para apurar o caso, Bolsonaro disse que era “demagogia. Não há diferença da minha vida, pra tua, pra Marielle. Não tem diferença nenhuma, somos todos cidadãos”.

Bolsonaro voltou a falar da morte de Marielle ao Correio Braziliense, no começo de junho de 2018. Na ocasião, ele opinou que a imprensa teria reservado excessivo destaque para o assassinato: “morre gente, professores, gente da sociedade que não merecia morrer, como ela também não merecia, tá certo, e ninguém toma providência. Grande parte dessas redações são tomadas por gente de esquerda, fazem esse estardalhaço terrível”.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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