🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Trecho de voto de Nunes Marques circula fora de contexto para sugerir que urnas foram fraudadas

Por Luiz Fernando Menezes

12 de julho de 2023, 15h45

São enganosas as publicações que compartilham uma fala do ministro Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal), como se ele tivesse dito que as urnas eletrônicas teriam sido fraudadas nas últimas eleições. As peças de desinformação retiram de contexto um trecho do voto do magistrado dado no julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. Na ocasião, o magistrado lia a transcrição de uma live feita por um ex-deputado cassado por divulgar desinformação eleitoral.

A fala descontextualizada vem sendo compartilhada nas redes também para sugerir que haveria uma mudança na situação de Bolsonaro, o que também é falso. Até a tarde desta quarta-feira (12), as publicações acumulavam mais de 12 mil compartilhamentos e dezenas de milhares de visualizações no Kwai.


Selo falso

É boomba! 10/07/2023 A verdade vencerá, vai dar extorno! Urnas adulteradas ou fraudadas com ajuda do juiz eleitoral.

Print de vídeo mostra Nunes Marques com legenda Urnas adulteradas ou fraudadas com ajuda de juiz eleitoral

Publicações nas redes têm compartilhado um trecho de uma fala do ministro Nunes Marques dando a entender que ele disse que as urnas eletrônicas foram fraudadas durante as eleições de 2022, o que é falso. Na fala completa, feita durante o voto dele no julgamento de Bolsonaro no TSE no dia 30 de junho, é possível verificar que o magistrado lia a transcrição de uma live realizada pelo ex-deputado Fernando Francischini (PL-PR), e não validava seus argumentos.

Nessa parte do discurso, Nunes Marques diferenciava a situação de Francischini — que ele julgava mais grave — da de Bolsonaro e argumentava que as declarações do ex-deputado eram muito mais desinformativas do que as do ex-presidente:

“Destaco ainda o próprio teor das declarações feitas bem como o público primário dos eventos. Enquanto o realizado pelo então deputado federal que disputava eleição para o Legislativo Estadual era direcionado ao seu eleitorado, a fala do presidente voltava-se primariamente a embaixadores estrangeiros. Outra diferença crucial é o teor do discurso exarado pelo agora investigado. Apesar de ser recheada de informações questionáveis que chegaram a distorcer fatos existentes, toda a fala do ex-presidente é baseada em suposições e sem impugnação perante o TSE do resultado geral das eleições presidenciais de dois mil e dezoito.

Por um outro lado, a live do multicitado parlamentar mimetizava os fatos programados policialescos ao vivo que são pródigos em trazer fatos diretamente aos espectadores ainda no calor do momento. Assim se iniciou a live do parlamentar:

‘Urgente pessoal, acabamos de pegar o primeiro caso grave e já identificamos duas urnas que eu digo são urnas fraudadas ou adulteradas. Agora é real porque eu estou passando pra vocês. Eu estou com toda a documentação da própria justiça eleitoral. Uma ata da mesa receptora da Justiça Eleitoral. É grave o que eu estou passando pra vocês todos. E nós estamos estourando isso aqui em primeira mão pro Brasil inteiro pra vocês. Urnas ou são adulteradas ou fraudadas e com a ajuda do juiz eleitoral e do promotor eleitoral. A gente está trazendo essa denúncia gravíssima até o final e nós estamos estourando isso aqui em primeira mão pro Brasil inteiro para vocês urnas ou são adulteradas ou são fraudadas e com ajuda do juiz eleitoral e do promotor eleitoral a gente está trazendo essa denúncia gravíssima antes do final’.

Disse o parlamentar. Na fala do deputado não tem cogitação, hipóteses ou dúvidas a respeito do processo eleitoral. Mas a descrição de fatos que não deixe espaço para outra conclusão que não existência de fraude eleitoral.”

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Em outubro de 2021, Francischini foi condenado pelo TSE por abuso de poder político e de autoridade e uso indevido dos meios de comunicação. Após recorrer ao STF, a Segunda Turma do tribunal manteve a decisão da Justiça Eleitoral em junho de 2022.

Já Bolsonaro foi declarado inelegível no dia 30 de maio deste ano por ter cometido crimes eleitorais durante a reunião com embaixadores, no Palácio da Alvorada, no dia 18 de julho de 2022. O ex-presidente foi condenado por 5 votos a 2, e Nunes Marques foi um dos votos vencidos.

Referências:

1. UOL
2. Esmael Morais
3. TSE (1 e 2)
4. JOTA
5. Aos Fatos

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