🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vídeo em que Bolsonaro ameaça Moraes é de agosto de 2021, não atual

Por Amanda Ribeiro

16 de dezembro de 2022, 16h48

Não foi gravado na terça-feira (13), mas no ano passado, um vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) diz “a hora dele vai chegar”, em referência ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A declaração foi dada à Rádio 93 FM, do Rio de Janeiro (RJ), em 5 de agosto de 2021. As últimas falas públicas do mandatário foram registradas nos dias 2 de novembro, quando pediu que seus apoiadores desbloqueassem rodovias, e em 9 de dezembro, na frente do Palácio do Alvorada.

Publicações enganosas acumulam ao menos 4.100 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (16). O vídeo também foi publicado no TikTok, onde já foi visualizado cerca de 355 mil vezes.


Selo não é bem assim

13.12.2022 👁👁 OLHA O QUE NOSSO MARECHAL JAIR MESSIAS BOLSONARO ESTÁ FALANDO NESSE VÍDEO.!!

Publicações compartilham vídeo antigo para sugerir que Bolsonaro teria ameaçado o ministro Alexandre de Moraes recentemente

O trecho de uma entrevista antiga em que Bolsonaro ataca ministros do STF e o inquérito das fake news tem circulado nas redes sociais como se fosse de 13 de dezembro deste ano, dias antes de o ministro Alexandre de Moraes autorizar operação da PF (Polícia Federal) contra os responsáveis pelos atos antidemocráticos que ocorrem pelo país. A fala foi gravada em 5 de agosto de 2021, em entrevista à rádio 93 FM, do Rio de Janeiro, como é possível verificar no próprio canal do presidente no YouTube.

Um dia antes da entrevista, em 4 de agosto, Moraes acatou uma notícia-crime do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pedia que o presidente fosse investigado pelos repetidos ataques às urnas eletrônicas. Com isso, o nome de Bolsonaro foi incluído no inquérito das fake news. O pedido foi feito depois de o presidente realizar uma transmissão ao vivo nas redes sociais — veiculada inclusive pela TV Brasil — em que prometeu apresentar provas de fraude, mas repetiu apenas acusações já desmentidas.

Na entrevista à rádio carioca, Bolsonaro atacou os ministros do Supremo e afirmou que suas ações fugiam “ao mínimo de razoabilidade”. Como exemplos, citou a prisão do ex-deputado federal Daniel Silveira (à época, PSL-RJ) e o inquérito das fake news. A fala completa do presidente é a seguinte:

“E muitos têm medo de criticar o Supremo porque não só ele [ministro Luís Roberto Barroso], como Alexandre de Moraes, têm tomado medidas que fogem ao mínimo de razoabilidade. O sr. Barroso mantém preso um deputado federal que usou da sua liberdade de expressão. Mesmo a grande maioria da população não tendo concordado com os termos do deputado, ele é inviolável por suas palavras, opiniões e votos. O Barroso, Alexandre de Moraes acusa todo mundo de tudo, bota como réu no seu inquérito, inquérito sem qualquer base jurídica, para fazer operações intimidatórias, busca e apreensão, ameaça de prisão ou até mesmo prisão. É isso que ele vem fazendo. E a hora dele vai chegar, porque ele está jogando fora das quatro linhas da Constituição há muito tempo. Eu não pretendo sair das quatro linhas para questionar essas autoridades, mas acredito que o momento está chegando.”

Desde o início de seu mandato, o presidente ofendeu de forma reiterada os integrantes do STF, em especial Alexandre de Moraes. O último episódio ocorreu em entrevista a jornalistas no Palácio do Alvorada no dia 7 de outubro, quando, aos gritos, Bolsonaro acusou o magistrado de ter cometido um crime ao quebrar o sigilo telemático de seu ajudante de ordens. Ao comentar sobre o mesmo assunto dias antes, em live de 29 de setembro, Bolsonaro chamou Moraes de “patife” e pediu que ele fosse “homem uma vez na vida”.

Operação. Na última quinta-feira (15), autorizada por Moraes, a PF deflagrou uma operação contra os apoiadores do presidente envolvidos em atos antidemocráticos pelo país. Foram expedidos 103 mandados de busca e apreensão, além de mandados de prisão, autorizações de bloqueio de contas, suspensão de registros CAC (Caçador, Atirador e Colecionador), apreensão de passaportes e quebras de sigilo bancário. Os suspeitos estão concentrados em oito estados e não tiveram seus nomes divulgados.

Silêncio. Desde que o resultado das eleições consagrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o próximo presidente do país, Bolsonaro desapareceu da vida pública. Fora uma conversa com apoiadores no Palácio do Alvorada no dia 9, o presidente deu sua última declaração pública no dia 2 de novembro, quando pediu em vídeo que apoiadores envolvidos em manifestações golpistas desbloqueassem as rodovias.

Com o silêncio do presidente, passou a circular nas redes uma série de vídeos descontextualizados que sugerem que Bolsonaro teria sinalizado estar agindo para aplicar um golpe de Estado. Aos Fatos checou, por exemplo, que ele teria dito recentemente que as “Forças Armadas estão presentes” e garantiriam a liberdade e a democracia, e que em breve a população veria “as consequências disso que está acontecendo”.

Referências:

1. BBC Brasil
2. Extra
3. UOL
4. YouTube (Jair Bolsonaro)
5. Poder 360
6. G1 (1 e 2)
7. Estadão (1 e 2)
8. Aos Fatos (1, 2, 3 e 4)
9. Câmara
10. O Globo

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