Não é verdade que proibição do uso de drones no RS é para impedir vídeos de corpos boiando

Por Marco Faustino

16 de maio de 2024, 18h46

Não é verdade que o motivo da proibição do uso de drones por civis em áreas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul é impedir o registro de corpos boiando, como tem sido alegado por publicações nas redes. O boato foi desmentido pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Rio Grande do Sul. As operações com drones particulares foram proibidas pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) para garantir a segurança das aeronaves tripuladas, como aviões e helicópteros, envolvidos nas operações de resgate.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 10 mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (16).

Leia mais
WHATSAPP Inscreva-se no nosso canal e receba as nossas checagens e reportagens

Selo falso

Eles [autoridades públicas] não querem deixar drones dos civis sobrevoarem áreas atingidas. Por que? Porque a gente não pode sobrevoar as áreas atingidas. Será que é porque não querem aumentar o número de mortes? Será porque aquelas denúncias feitas de corpos boiando sejam reais?

Em vídeo difundido nas redes, uma mulher não identificada pelo Aos Fatos engana ao fazer crer que a proibição do uso drones pessoais em áreas afetadas pelas enchentes no RS seja para evitar registro de corpos boiando, o que não procede

Em vídeo difundido nas redes, uma mulher não identificada pelo Aos Fatos engana ao fazer crer que a proibição do uso de drones particulares em áreas afetadas pelas enchentes foi determinada para impedir o registros de corpos boiando. O uso de drones em áreas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul está proibido pelo Decea desde o dia 5 de maio, mas a medida foi tomada para garantir a segurança das aeronaves tripuladas, como aviões e helicópteros, envolvidos nas operações de resgate.

Em nota ao Aos Fatos, a SSP do governo gaúcho negou a existência de corpos boiando sem terem sido resgatados nas áreas afetadas e afirmou que todas as vítimas localizadas até o momento já estão computadas nos dados oficiais da Defesa Civil.

“Os drones afetam o trabalho das 48 aeronaves empregadas no terreno e, para a segurança de profissionais de segurança e da população, não é indicado que sejam feitos voos desses dispositivos”, diz um trecho da nota.

Antes da medida tomada pelo Decea, a Defesa Civil gaúcha já havia alertado que drones civis estavam prejudicando o trabalho de resgate. “Há muitos civis subindo drones para captação de imagens nas áreas afetadas e isso pode prejudicar significativamente a questão da segurança de voo das nossas aeronaves empregadas nas ações de socorro”, declarou a tenente Sabrina Ribas, da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, na época.

Leia mais
BIPE Mentiras sobre enchentes no Rio Grande do Sul ocultam informações essenciais, atrasam socorro e ampliam crise

O número de mortes em decorrência das enchentes vem sendo atualizado diariamente pela Defesa Civil. No último balanço divulgado pelo órgão ao meio-dia desta quinta-feira (16), o número de mortos em todo o estado chegou a 151. Ao todo, o estado contabiliza 104 desaparecidos, 806 feridos e mais de 538 mil desalojados. Não há óbitos em investigação.

A Brigada Militar do Rio Grande do Sul tem usado drones com visão térmica e alto falante no policiamento e resgates, assim como o Exército, por exemplo, que tem utilizado 22 aeronaves remotamente pilotadas para localizar pessoas ilhadas em cidades do estado gaúcho.

Boatos. Em checagem anterior, Aos Fatos verificou ser falsa a informação de que teriam sido encontrados 2 mil corpos boiando no bairro de Mathias Velho, em Canoas. Na ocasião, o IGP (Instituto Geral de Perícias) do estado gaúcho e a Prefeitura de Canoas desmentiram o boato.

Leia mais
Nas Redes É falso que bombeiros e voluntários encontraram 2.000 corpos em bairro de Canoas

A presidente do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do Rio Grande do Sul, Carina Andrade, que mora em Mathias Velho, e que faz parte de um grupo local de voluntários ao qual Aos Fatos obteve acesso, também afirmou que o áudio era falso.

“A gente sabe que vai encontrar alguém que perdeu a vida tentando se salvar, mas essas coisas, assim, muita gente, até porque nas imagens aéreas tu consegue ver que não tem aglomeração de corpos. Infelizmente essas pessoas acabam propagando, alarmando muito mais do que deveria”, disse Andrade.

Referências:

1. Decea
2. Defesa Civil do Rio Grande do Sul (1 e 2)
3. Terra
4. g1
5. Aos Fatos

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.