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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2017. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Em defesa do agronegócio, propaganda de Temer cita dados errados

Por Tai Nalon

20 de março de 2017, 19h28

O PMDB lançou, nesta segunda-feira (20), uma série de programas publicitários para TV, rádio e internet cujo objetivo é defender a agenda do presidente Michel Temer em temas sensíveis como a reforma da previdência, a crise no setor pecuário e a reforma do ensino médio.

Segundo um dos vídeos, "o agronegócio é o setor que melhor representa o modelo de eficiência que o presidente Temer tanto acredita e quer para o Brasil". Entretanto, esse mesmo vídeo apresenta dados errados a respeito do crescimento desse setor e da sua capacidade de gerar empregos. Embora o partido defenda que o agronegócio seja o maior gerador de empregos e tenha maior participação na economia nacional, é o setor de serviços que lidera os rankings produtivos brasileiros.

Aos Fatos checou esses dados junto às bases do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e avaliou a afirmação como FALSA. Veja o que checamos.


FALSO

A ordem do presidente é incentivar o setor que mais cresce, que mais emprega e que mais contribui para a nossa economia.

No programa do PMDB, a deputada Josi Nunes (PMDB-TO) é a encarregada de defender o agronegócio brasileiro. A fala ocorre três dias depois de a Polícia Federal deflagrar a Operação Carne Fraca, que revelou fraudes nos maiores frigoríficos brasileiros.

A deputada comete uma sucessão de equívocos: primeiro diz que o agronegócio é o setor que mais cresce, o que é um erro; depois, afirma que é o que mais emprega — outro erro; e ainda diz, de modo impreciso, que é o setor que mais contribui para a economia.

Com relação à última afirmação, é possível dizer que Josi tem alguma razão, já que foi justamente o setor produtivo que mais contribuiu para a queda do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado. Conforme o IBGE, o PIB brasileiro sofreu em 2016 queda de 3,6% em relação ao ano anterior. O setor mais afetado foi o da agropecuária, com queda de 6,6% no acumulado do ano passado. O setor de serviços (-2,7%) e a indústria (-3,8%) tiveram desempenho superior.

Quanto ao emprego, o PMDB defende que o agronegócio é o setor que mais emprega no Brasil, embora dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) exponham uma realidade diferente. Nos últimos cinco anos, foi o comércio o maior responsável pela empregabilidade brasileira. No último trimestre de 2016, 19,6% da população ocupada trabalhava com essa atividade econômica.

A agricultura e a pecuária englobam 9,9% da população ocupada — atrás do setor público (17,2%), da indústria em geral (12,6%), da indústria de transformação (11,2%) e do setor de informação, comunicação e atividades financeiras (10,8%). Sua participação nos números do emprego brasileiro estão em declínio desde 2012, segundo essa mesma pesquisa.

Selo. A peça publicitária do PMDB diz que o agronegócio gera mais empregos e contribui mais para a economia brasileira. Porém, dados do IBGE desmontam essa versão: é o setor de serviços, em especial o do comércio, que cumpre essa função no país. Aos Fatos dá o selo FALSO à declaração do partido.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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