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Como ajudar o Rio Grande do Sul sem correr o risco de cair em golpes

Por Marco Faustino

7 de maio de 2024, 19h20

A tragédia causada pela chuva sem precedentes no Rio Grande do Sul gerou um movimento de solidariedade nas redes, que busca arrecadar doações. No entanto, em meio a iniciativas do poder público, de organizações do terceiro setor e de cidadãos, também têm circulado nas redes golpes financeiros que se aproveitam da catástrofe para roubar.

Além de anunciar falsas iniciativas de resgate ou doação para as vítimas das enchentes, os conteúdos difundem chaves Pix falsas que simulam perfis legítimos, mas que não têm qualquer relação com a ajuda prestada por órgãos públicos, entidades ou voluntários.

Aos Fatos preparou um guia com orientações para quem quer ajudar, mas tem dúvidas sobre como doar com segurança e evitar que o dinheiro caia nas mãos de golpistas:

  1. Órgãos públicos
  2. Organizações e movimentos sociais
  3. Pessoas físicas
  4. O que fazer em caso de golpe?
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ÓRGÃOS PÚBLICOS


Os dados para o envio de doações financeiras a autoridades são sempre divulgados pelos canais e perfis oficiais dos órgãos públicos nas redes. Desconfie de ligações telefônicas, emails ou mensagens enviadas via SMS ou aplicativos.

O governo do Rio Grande do Sul possui um canal de doações via Pix para auxílio às vítimas das enchentes. A conta, vinculada ao Banrisul, foi usada também em 2023, quando as chuvas causaram estragos em cidades gaúchas.

Para verificar se o site de doações é o oficial, fique atento se o domínio que aparece na barra de endereços do seu navegador termina com a extensão .gov.br — indicativo de que se trata de uma página oficial do governo. No caso específico do governo gaúcho, a terminação é rs.gov.br.

Também é importante checar se o site possui o protocolo de segurança https, que garante o tráfego dos dados por meio de comunicação criptografada. Para verificar se o protocolo está ativo, basta clicar no botão que aparece ao lado do endereço do site na barra do navegador. É importante lembrar, no entanto, que o protocolo sozinho não garante a segurança, já que também pode ser usado por sites maliciosos.

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Para doar via chave Pix, é necessário ficar atento aos dados do destinatário, que nem sempre correspondem ao nome completo do órgão ou da campanha para qual será feita a doação:

  • O governo gaúcho repete reiteradamente nas redes que a conta para doação é a SOS Rio Grande do Sul. Esse é o nome que aparece nos dados de destino do Pix oficial, gerido pela Associação dos Bancos no Estado do Rio Grande do Sul;
  • Já no caso da Prefeitura de Porto Alegre, a chave Pix usa um número de CNPJ que leva a uma conta na Caixa Econômica que tem como destinatário PMPA — sigla para Prefeitura Municipal de Porto Alegre;
  • O Ministério Público do Rio Grande do Sul, por sua vez, usa uma chave Pix que tem como destinatário o FRBL (Fundo para Reconstituição de Bens Lesados), que custeia projetos de prevenção e reparação de danos coletivos causados à população do estado.

Desconfie sempre de mensagens que divulguem chaves Pix com logos de órgãos públicos ou imagens de políticos em grupos de mensagens. Antes de doar, confira se o endereço fornecido é o mesmo disponível em sites ou órgãos oficiais.

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ORGANIZAÇÕES E MOVIMENTOS SOCIAIS


Diversas organizações, associações e movimentos sociais também lançaram campanhas para arrecadar fundos e ajudar os afetados pelas enchentes. Antes de doar para alguma instituição que não esteja vinculada ao governo, é importante tomar algumas precauções:

  • O primeiro passo é verificar os sites e perfis oficiais das entidades. Procure pelo nome da instituição na internet e verifique quais outros projetos foram feitos, se há página de prestação de contas e se há de fato voluntários atuando nas enchentes;
  • Além do site e das páginas oficiais, pesquise também por registros da atuação da entidade em reportagens na imprensa, em sites de notícias locais e em rádios comunitárias;
  • Observe os dados do destinatário antes de fazer a doação e, na dúvida, consulte a entidade que receberá os valores doados. O ideal é buscar os dados de transferência sempre no site oficial;
  • Continue acompanhando as publicações feitas pela entidade nas redes para se manter atualizado sobre o que está sendo feito para ajudar as vítimas e cobre pela transparência no uso dos recursos.

A Cufa (Central Única das Favelas), organização que atua há 20 anos com a ajuda de voluntários de diversas comunidades, e a Ação da Cidadania, fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, são exemplos de entidades que têm arrecadado doações para o Rio Grande do Sul.

Para ter acesso ao trabalho de outras instituições e verificar pontos de coleta de roupas, alimentos e materiais de higiene, também é possível acessar o site Para quem doar, iniciativa da Globo que divulga organizações da sociedade civil e mapeia iniciativas de impacto pelo país. É possível encontrar no site entidades que estão prestando auxílio aos gaúchos.

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PESSOAS FÍSICAS


Além das autoridades e de organizações sociais, cidadãos também têm se mobilizado para ajudar quem precisa. Não é possível oferecer meios que atestem a confiabilidade de todas as campanhas abertas nas redes por pessoas físicas. Caso esteja interessado em doar para algum voluntário, no entanto, você pode se atentar a algumas recomendações:

  • Acompanhe o voluntário pelas redes e verifique por meio dos comentários se há denúncias de má atuação ou mau uso e desvio de recursos;
  • Busque recomendações de amigos, familiares ou conhecidos que estejam nos municípios afetados e que conheçam as pessoas que estão à frente das iniciativas;
  • Procure doar para voluntários que você conheça e confie. Caso veja que possui amigos em comum com ele nas redes sociais, por exemplo, questione o seu contato para ter certeza de que o voluntário é alguém de confiança;
  • Verifique se o voluntário é transparente no uso dos recursos que recebe e se faz prestação de contas.
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EM CASO DE GOLPE

Se as doações forem feitas via Pix, as vítimas de eventuais golpes podem recorrer ao MED (Mecanismo Especial de Devolução), sistema criado pelo Banco Central em 2021 para reparar danos aos que foram vítimas de fraude ou golpe com o uso da tecnologia.

Para tentar reaver os valores roubados, o consumidor deve apresentar provas de que caiu em um golpe, como boletins de ocorrência e prints de conversas no WhatsApp. Nem sempre a devolução dos valores pelas instituições financeiras é integral. Caso o estorno seja negado, o consumidor tem a alternativa de ingressar com ação na Justiça.

Referências:

1. O Globo
2. Governo do Rio Grande do Sul (1, 2)
3. Serasa
4. Prefeitura de Porto Alegre
5. X (@mp_rs)
6. Cufa RS
7. Ação da Cidadania
8. Para quem doar
9. Banco Central (1, 2)

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