Colégio Militar de Manaus indicado a prêmio internacional não integra programa de escolas cívico-militares

Por Marco Faustino

3 de julho de 2024, 17h08

Não é verdade que o Colégio Militar de Manaus seja uma escola cívico-militar, como fazem crer publicações nas redes. As peças de desinformação compartilham uma notícia sobre a indicação da instituição a um prêmio internacional para criticar a iniciativa do governo Lula de extinguir o modelo de ensino cívico-militar criado pela gestão Bolsonaro. O colégio manauara é uma unidade subordinada integralmente ao Exército e integra o SCMB (Sistema Colégio Militar do Brasil).

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 2.000 compartilhamentos no Facebook e 4.000 curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (3).

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Selo não é bem assim

Posts enganam ao fazer crer que o Colégio Militar de Manaus, que concorre a prêmio internacional, é uma escola cívico-militar, programa encerrado por Lula

Posts nas redes compartilham a notícia verdadeira de que o Colégio Militar de Manaus se tornou finalista do Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2024 para criticar a decisão do governo Lula de extinguir as escolas cívico-militares. Diferentemente do que sugerem as peças de desinformação, a instituição de ensino manauara integra o sistema de escolas militares, não cívico-militares, que têm projetos pedagógicos diferentes.

O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares foi criado pelo governo Bolsonaro em 2019. Nesse modelo, voltado para escolas públicas com baixos resultados no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), militares da reserva atuavam no apoio à gestão escolar e educacional, enquanto professores e demais profissionais da educação ficavam responsáveis pelo trabalho didático-pedagógico.

Já as escolas militares, criadas na década de 1950, são subordinadas ao Decex (Departamento de Educação e Cultura do Exército) — ou seja, são um subsistema de ensino gerido exclusivamente pelas Forças Armadas, que têm autonomia para elaborar currículos e estruturas pedagógicas próprias.

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Em 2023, o governo Lula extinguiu o modelo cívico-militar e reintegrou as escolas à rede regular de ensino. Em resposta, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos, sancionou uma lei em maio deste ano que recriou o programa na rede paulista.

PSOL e PT acionaram então o STF contra a lei, alegando que o projeto desvaloriza os educadores e visa substituir a rede pública de ensino, além de trazer possíveis prejuízos sociais e econômicos. As ações ainda não foram julgadas. A AGU (Advocacia-Geral da União) também apresentou ao Supremo parecer contrário à adoção do programa em São Paulo.

Finalistas. O Colégio Militar de Manaus e mais três colégios públicos brasileiros se tornaram finalistas do World's Best School Prizes (Prêmio Melhores Escolas do Mundo, em português) de 2024. A premiação é oferecida pela organização T4 Education. Há um total de 50 colégios participantes, que são divididos em diversas categorias.

A instituição de ensino brasileira concorre na categoria Inovação, por levar educação a distância a áreas remotas ou de outros países onde vivem filhos de militares que estão em missão.

Referências:

1. Exército Brasileiro
2. IBICT
3. Centro de Referências em Educação Integral
4. O Estado de S. Paulo
5. Alesp
6. Agência Brasil (Fontes 1 e 2)
7. UOL
8. World’s Best School

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