🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Ministério da Justiça admite que só notificou Telegram uma semana após outras plataformas

Por Ethel Rudnitzki

4 de maio de 2023, 18h02

Após o Telegram ter afirmado nesta quinta-feira (4) em seus canais oficiais que só foi notificado pelo governo no dia 20 de abril a fim de informar medidas contra posts sobre violência em escolas, o Ministério da Justiça confirmou ao Aos Fatos que a empresa tem razão. A pasta só enviou o aviso ao Telegram uma semana depois da data em que notificou outras redes.

A plataforma se posicionou após o titular da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), Wadih Damous, afirmar em entrevista, no dia 20 de abril, que a empresa havia sido a única dentre as cinco plataformas notificadas a não responder às solicitações, feitas no âmbito da Operação Escola Segura. O aviso a Google, Facebook, TikTok, Twitter e Kwai foi enviado no dia 13 de abril, mas encaminhado ao Telegram apenas uma semana depois.

Segundo a plataforma, a notificação foi enviada pela Senacon na tarde do dia 20, e as respostas foram dadas dentro do prazo legal de 72 horas. “Ao contrário das afirmações espalhadas pelo Ministro da Justiça Flávio Dino, o Telegram respondeu à solicitação da Senacon um dia útil após o envio”, afirmou.

Em email ao Aos Fatos, a Senacon admitiu o erro, mas eximiu o ministro de culpa. “A Secretaria Nacional do Consumidor informa que, de fato, o Telegram não havia recebido formalmente a notificação na data da realização da coletiva de imprensa sobre o balanço das ações no âmbito da Operação Escola Segura. Assim, fica retificada a afirmação feita, na ocasião, pelo secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, e não pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino”, diz o texto.

Durante a coletiva de imprensa, no entanto, o ministro Flávio Dino também repercutiu o erro de Damous ao afirmar que, por não responder no prazo, a plataforma poderia estar sujeita a sanções dentro do processo administrativo.

A Senacon ainda justificou o atraso na notificação pela dificuldade de contato com a plataforma, que não possui sede oficial no país, “mesmo operando em larga escala no território brasileiro” e ressaltou que o Telegram tem um “histórico comportamento de não cooperação com as autoridades brasileiras, dos diferentes Poderes da República, em temas sensíveis para a população”.

Em nota ao Aos Fatos, o Telegram afirmou que “outras autoridades — incluindo a Polícia Federal e o Ciberlab, que compõem o Ministério da Justiça — não tiveram problemas para entrar em contato” com a empresa.

“Acreditamos que qualquer dificuldade alegada para contatar o Telegram não é uma justificativa legítima para afirmar publicamente que não estamos respondendo a pedidos governamentais.” Leia a íntegra do texto.

No dia 27 de abril, a Justiça Federal do Espírito Santo determinou o bloqueio do aplicativo no Brasil pelo envio de dados incompletos à Polícia Federal no âmbito de investigações sobre um ataque a escolas ocorrido em Aracruz (ES), em novembro de 2022. A liminar que determinava o bloqueio foi suspensa na última terça-feira (2), mas foi mantida uma multa diária de R$ 1 milhão por dia à empresa por não fornecer os dados.

Em março de 2022, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes já havia bloqueado o Telegram após a plataforma deixar de responder às comunicações judiciais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dois dias depois, a plataforma acatou as solicitações e reverteu a decisão, alegando que as notificações teriam ido para a caixa de spam da empresa.


ATUALIZAÇÃO: às 13h22 de 8.mai.2023, para incluir a manifestação do Telegram.

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