Luís Macedo/Câmara dos Deputados

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2017. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Quase metade dos deputados que prometem rejeitar denúncia contra Temer têm pendências na Lava Jato

Por Bárbara Libório

8 de julho de 2017, 07h20

Enquanto a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara não analisa a denúncia contra o presidente Michel Temer encaminhada na última semana pela Procuradoria Geral da República ao Congresso, deputados têm declarado publicamente seus respectivos votos em relação ao prosseguimento do processo ou sua rejeição.

Até a noite da última sexta-feira (7), 52 deputados federais afirmaram ao jornal Folha de S.Paulo que não aceitariam a denúncia contra Temer. Com base em documentos do Supremo Tribunal Federal e do Lava Jota, Aos Fatos verificou que 48,08% dos deputados que já declararam voto foram citados em delações na Operação Lava Jato, são investigados pelo Supremo Tribunal Federal ou ambos. A reportagem também confirmou os votos a partir de informações publicadas em perfis oficiais nas redes sociais.

Temer é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de crime de corrupção passiva ao receber R$ 500 mil de um total prometido de R$ 38 milhões via o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures.

A denúncia contra o presidente foi encaminhada pelo STF à Câmara no último dia 29. Antes de seguir para o plenário, onde os deputados votam se aceitam ou não a denúncia — e são necessários 342 votos a favor para que a denúncia seja aceita —, a matéria será analisada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Aos Fatos já mostrou que, dos 66 deputados que integram seu colegiado, 31 são citados em inquéritos e delações da Operação Lava Jato. Doze são investigados.

Citados e investigados. Do total de 215 deputados que haviam respondido à enquete da Folha até as 23h59 desta sexta (7), 60 figuram nas delações — desde a de Paulo Roberto Costa, fechada em agosto de 2014, até a de Joesley Batista, em junho deste ano. Outros oito parlamentares não estão nas listas de delatados, mas são alvos no STF de inquérito relativo ao desdobramento das investigações.

Vinte e três deputados estão nas duas categorias: citados em colaborações premiadas e investigados no âmbito da Lava Jato. Entretanto, estar na mira da Justiça parece não influenciar no posicionamento dos parlamentares diante da aceitação ou rejeição da denúncia contra Temer.

Catorze dos 23 parlamentares afirmaram serem favoráveis à aceitação. Um deles é Arlindo Chinaglia (PT-SP), suspeito de receber R$ 10 milhões em propina para liberar uma obra da Odebrecht. Ele também consta da lista de beneficiários de doações da JBS, conforme documentos entregues por Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais da empresa. O deputado nega ter recebido propina.

Os outro nove parlamentares, se seguirem o que afirmaram à Folha, votarão contra a aceitação da denúncia. Um exemplo é Beto Mansur (PRB-SP), cujo nome integra o rol de supostos beneficiários de doações da JBS. Ele é investigado pelo recebimento de valores da Odebrecht em troca de favorecimento de interesses da construtora em Santos (SP), cidade da qual Mansur foi prefeito até 2004. O deputado nega irregularidades

Veja como os deputados federais afirmam que votarão e como estão implicados na Lava Jato

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