Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2017. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

JBS doou R$ 3,6 milhões para 12 integrantes de CPI criada para investigá-la

Por Tai Nalon e Luiz Fernando Menezes

13 de setembro de 2017, 01h30

Criada para investigar suspeitas de irregularidades em contratos com o governo, a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da JBS abriga ao menos 12 congressistas cujas campanhas eleitorais de 2014 foram financiadas direta ou indiretamente pelo frigorífico. Entre titulares e suplentes, a empresa doou mais de R$ 3,6 milhões para deputados e senadores de partidos governistas, como o PR e o PMDB, e de oposição, como o PT e o PDT.

O levantamento foi feito por Aos Fatos nas bases do Tribunal Superior Eleitoral a partir das prestações de contas apresentadas pelos próprios parlamentares. Foram levados em conta tanto os repasses feitos diretamente às campanhas dos congressistas e de seus aliados, quanto aqueles direcionados aos comitês dos partidos, que então remanejaram os recursos para os candidatos em questão.

A reportagem ateve-se às doações recebidas por deputados e senadores que haviam sido indicados para a comissão até a noite desta terça-feira (12). Dos 68 assentos disponíveis, 51 já estão ocupados. Siglas da base governista, como o próprio PMDB, relutam em indicar representantes para o colegiado.

Dos 12 parlamentares que receberam alguma quantia do frigorífico, o senador Wellington Fagundes (PR-MT), titular na comissão, foi o mais financiado. Sua campanha foi irrigada com R$ 1,4 milhão — mais de um terço do valor recebido pelos demais parlamentares. Segundo reportagem da revista Época, o ex-governador de MT Silval Barbosa (PMDB), em delação premiada, acusou Fagundes de receber dinheiro da JBS a título de propina.

Suplente, o senador José Medeiros (Pode-MT) não recebeu diretamente nenhum recurso da JBS, mas foi eleito na chapa do governador de MT, Pedro Taques (PSDB), que também é acusado por Silval Barbosa de receber ilegalmente R$ 4 milhões em doações ocultas. Eleito para o Senado em 2010, Taques renunciou ao cargo ao ser eleito governador em 2014.

Outra figura importante na comissão é Carlos Marun (PMDB-MS), nomeado relator da CPMI. Sua campanha para deputado também recebeu doação da JBS em 2014: R$ 103 mil. As quantias foram repassadas por meio das campanhas de correligionários Nelson Trad Filho, ex-prefeito de Campo Grande (MS), e Simone Tebet, senadora pelo mesmo Estado.

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) recebeu a segunda maior quantia, conforme os registros da Justiça Eleitoral. Sua campanha declarou ter arrecadado R$ 833 mil da JBS em 2014. Já Renzo Braz (PP-MG) foi o deputado que recebeu a maior quantidade de recursos do frigorífico: R$ 600 mil.

Bancada ruralista. Ao menos 15 titulares da comissão integram também a Frente Parlamentar da Agropecuária, constituída para defender os interesses do agronegócio no Congresso. Seu vice-presidente no Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO), é também vice-presidente da CPMI. Dos 12 congressistas que receberam doações oficiais da JBS, apenas os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Paulo Rocha (PT-PA) não integram o grupo.

No total, a JBS, empresa do grupo J&F, doou mais de R$ 106 milhões para candidatos a deputado, senador, governador e presidente da República em 2014.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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