🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Imagens virais distorcem comentário de Haddad sobre desencarceramento

Por Bárbara Libório

27 de outubro de 2018, 14h05

Voltou a circular nas redes sociais uma imagem que afirma que o candidato à Presidência Fernando Haddad do PT, tem como plano “soltar condenados” caso seja eleito. A informação, na verdade, distorce declarações do candidato em entrevista coletiva à imprensa concedida em setembro. Ao falar de suas propostas para segurança pública, Haddad menciona o desencarceramento de pessoas que cometem pequenos delitos. Em seu plano de governo, não há menção sobre soltar criminosos, sobretudo os de alta periculosidade, que já estão presos.

No Facebook, a imagem tem sido postada por páginas e perfis pessoais desde o início de outubro e já teve mais de 13 mil compartilhamentos até a manhã deste sábado (27). O conteúdo foi denunciado por usuários do Facebook e classificadas com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).

Confira abaixo, em detalhes, o que foi verificado.


DISTORCIDO

Violência explodindo no país e o que Haddad faz? Planeja soltar condenados!

Os boatos de que Fernando Haddad tinha como proposta “soltar condenados” surgiram em setembro, quando o ex-prefeito de São Paulo falou de suas propostas para a segurança pública do país em entrevista coletiva à imprensa. Haddad não mencionou que deliberadamente soltaria criminosos da cadeia, mas enfatizou a necessidade de desencarceramento daqueles que cometem pequenos delitos.

Aos Fatos transcreveu sua fala:

A nossa proposta para a segurança pública é federalizar os crimes relativos a organizações criminosas. Entendemos que se a Polícia Federal tiver um departamento que cuide dos crimes relativos a organizações criminosas, nós vamos ter alguns efeitos importantes: liberar a Polícia Federal e a Polícia Civil para cuidar da vida do cidadão, de quem cometer homicídio feminino, estupro, roubo, o que agride o cidadão. Segundo lugar: promover o desencarceramento de pessoas que cometem pequenos delitos, que é hoje o maior contingente de prisioneiros. Se não desencarcerar a partir dessa nova visão, não vamos conseguir resolver a crise do sistema prisional. Estamos prendendo muito e mal. Temos que ter foco: prender os criminosos de alta periculosidade e para isso contamos com a Polícia Federal. Sem a Polícia Federal atuar em nível nacional, porque essas organizações operam em nível nacional, temos que ter uma organização pública que combata o crime em nível nacional também.

Em setembro, Aos Fatos já havia checado uma fala de Jair Bolsonaro, do PSL, afirmando que Haddad havia declarado que combateria o encarceramento e soltar criminosos da cadeia. O que o plano de governo do PT promete é que Haddad, se eleito, "enfrentará o encarceramento em massa, sobretudo o da juventude negra e da periferia". Segundo o texto, isso diminui “a pressão sobre o sistema carcerário, trazendo ganhos globais de economia de recursos” e “abre espaço para que as polícias civil e militar se concentrem na repressão a crimes violentos e no combate às organizações criminosas, com foco na redução de homicídios”.

Há menção no programa a uma "reforma da legislação para reservar a privação de liberdade para condutas violentas e promover a eficácia das alternativas penais". Isso ocorreria por meio de um Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária que estabeleceria uma Política Nacional de Alternativas Penais. Não há menção em soltar criminosos que já estão presos.

Hoje, o país tem uma população carcerária de 72.617 presos — um aumento da ordem de 707% em relação ao total registrado no início da década de 1990 —, e um déficit de 368 mil vagas. Os dados são do último Infopen, levantamento nacional de informações penitenciárias, de junho de 2016, e também mostram que 40% das pessoas presas no Brasil à época não haviam sido ainda julgadas e condenadas. Em relação aos motivos da prisão, os crimes de tráfico correspondem a 28% das incidências penais pelas quais as pessoas privadas de liberdade foram condenadas ou aguardam julgamento à época. Os crimes de roubo e furto somam 37% das incidências e os homicídios representam 11%.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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