🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Junho de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falsa conversa em que Moro pede a Dallagnol que barre candidatura de Haddad

Por Bruno Fávero

10 de junho de 2019, 16h20

É falsa a conversa, exposta em imagem que circula nas redes sociais, (veja aqui) em que o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol tramam o impedimento da candidatura do petista Fernando Haddad à Presidência da República em 2018.

O site The Intercept Brasil publicou no último domingo (9) uma série de reportagens que mostra mensagens trocadas no aplicativo Telegram entre integrantes da Operação Lava Jato, inclusive entre Moro e Dallagnol, mas Haddad não é citado nos diálogos entre os dois. Os outros trechos do diálogo que aparecem na montagem também são inventados.

A imagem já foi compartilhada ao menos 15 mil vezes no Facebook nesta segunda-feira (10) e também apareceu no Twitter. Publicações com a desinformação foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação do Facebook (entenda como funciona).


FALSO

“Nosso problema é outro, o Haddad, este vai ganhar força, vocês não conseguem fazer algo para impedir a candidatura?"

Uma montagem (veja aqui) que mostra diálogos entre o atual ministro Sergio Moro e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol vem circulando nas redes sociais depois que o site The Intercept Brasil publicou uma série de reportagens com trocas de mensagens atribuídas a integrantes da operação. Mas nada do conteúdo que está na imagem compartilhada aparece no material publicado pelo Intercept ou em qualquer outra fonte confiável.

Segundo a publicação nas redes sociais, Moro teria dito a Dallagnol: "Nosso problema é o outro, o Haddad, este vai ganhar força, vocês não conseguem fazer algo para impedir a candidatura?". Não há, entretanto, menções a Fernando Haddad (PT) nas conversas entre os dois publicadas pelo site jornalístico.

A única referência ao ex-candidato que aparece nas reportagens é atribuída à procuradora do Ministério Público Federal Laura Tessler. Ao falar sobre a possibilidade de o ex-presidente Lula, mesmo preso, dar entrevistas antes das eleições de 2018, Tessler teria escrito "sei lá…mas uma coletiva antes do segundo turno pode eleger o Haddad".

Em outro trecho, uma pessoa identificada como "Carol PGR" faz menção ao PT em conversa com Dallagnol. "Ando muito preocupada com uma possivel [sic] volta do PT, mas tenho rezado muito para Deus iluminar nossa população para que um milagre nos salve", escreve.

Jornais. Veículos de imprensa e jornalistas também são citados em vários momentos nos diálogos publicados pelo site, mas Dallagnol nunca diz que "temos a Globo e o Estadão do nosso lado, garantiram cobertura total", como aparece no conteúdo compartilhado nas redes.

Por fim, o material do Intercept não mostra que Dallagnol tenha dito a Moro que "a inconsistência das provas vão fragilizar a acusação, precisamos acelerar, pois as ligações eu já falei, não provam diretamente atos ilícitos do réu", como consta na montagem compartilhada nas redes.

De acordo com o site jornalístico, em dois momentos o procurador demonstra preocupação com a repercussão do caso em que Lula foi acusado (e depois condenado) de receber indevidamente um apartamento tríplex da construtora OAS.

Em um grupo de mensagens com outros procuradores, ele teria dito, antes de oferecer a denúncia sobre o caso: "Falarão que estamos acusando com base em notícia de jornal e indícios frágeis… então é um item que é bom que esteja bem amarrado. Fora esse item, até agora tenho receio da ligação entre petrobras e o enriquecimento, e depois que me falaram to com receio da história do apto… São pontos em que temos que ter as respostas ajustadas e na ponta da língua".

Já a Moro, sempre segundo o Intercept, Dallagnol teria escrito apenas depois que o caso veio a público. "A denúncia é baseada em muita prova indireta de autoria, mas não caberia dizer isso na denúncia e na comunicação evitamos esse ponto", teria afirmado. "Não foi compreendido que a longa exposição sobre o comando do esquema era necessária para imputar a corrupção para o ex-presidente. Muita gente não compreendeu porque colocamos ele como líder para imperar 3,7MM de lavagem, quando não foi por isso, e sim para inputar 87MM de corrupção".

E por fim, o procurador teria escrito a Moro: “ainda, como a prova é indireta, ‘juristas’ como Lenio Streck e Reinaldo Azevedo falam de falta de provas. Creio que isso vai passar só quando eventualmente a página for virada para a próxima fase, com o eventual recebimento da denúncia, em que talvez caiba, se entender pertinente no contexto da decisão, abordar esses pontos”.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.