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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2017. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Aos Fatos faz dois anos de olho em automação

Por Tai Nalon

7 de julho de 2017, 08h05

Aos Fatos chega nesta sexta-feira, 7 de julho, ao seu segundo aniversário. Trata-se de um fato a ser celebrado por dois motivos fundamentais: o primeiro é que 33% dos novos negócios brasileiros, em qualquer área, encerram suas atividades em menos de dois anos; o segundo é que, segundo levantamento preliminar do Duke Reporters' Lab liderado nos EUA por Mark Stencel, a média de sobrevida de uma iniciativa jornalística de fact-checking em todo o mundo também é de menos de dois anos.

No Brasil, Aos Fatos é precursor de um grupo de iniciativas perenes de checagem comprometidas em inovar em investigação, uso transparente de fontes e análise consistente de dados. Se em nosso primeiro ano estávamos preocupados em repercutir nosso trabalho entre veículos de maior alcance, de forma a consolidar relevância e autoridade, neste segundo ano trilhamos um caminho diferente: estabelecemos endereço próprio e desenvolvemos tecnologia, de olho nos passos que daremos neste terceiro ano.

A partir deste segundo semestre de 2017, planejamos automatizar processos de distribuição das nossas reportagens por meio de widgets, plug-ins, extensões e outros dispositivos de nome igualmente complicado. A ideia é dar tração ao nosso banco de dados, que já indexou quase 400 declarações, documentos, currículos e peças publicitárias checados desde 2015.

Exemplo disso é que nesta quinta-feira (6), em Madri, o grupo liderado pelo vencedor do prêmio Pulitzer Bill Adair lançou mais uma etapa do projeto Share The Facts, que engloba veículos como Washington Post, PolitiFact, FactCheck.org e Pagella Politica. Trata-se de um widget (uma interface gráfica) integrado aos algoritmos do Google que torna mais fácil compartilhar uma declaração checada ao mesmo tempo em que melhora sua indexação na ferramenta de busca. Isso significa que ficará mais fácil identificar uma informação já checada sobretudo nas redes sociais. Parte do desenvolvimento da versão em português brasileiro ficou a cargo de Aos Fatos, que passará a compartilhá-los a partir das próximas semanas. (Veja o protótipo abaixo.)

Aos Fatos também acredita que precisa aperfeiçoar suas técnicas de checagem. Desse modo, lançará, também a partir das próximas semanas, uma seção fixa chamada Às Leis, que checará dados que constam de projetos que tramitam na Câmara e no Senado. O objetivo, além de detectar argumentos potencialmente equivocados, é gerar impacto efetivo: é necessário desenvolver políticas públicas a partir de informações confiáveis. Uma série de reportagens de Aos Fatos mostrou (aqui, aqui e aqui), ao longo dos últimos dois anos, que propostas oferecidas por deputados e cidadãos apresentam erros essenciais que podem prejudicar a premissa do projeto.

Nossa equipe também permenece preocupada em prestar contas aos nossos leitores. Por isso, elencamos nossos sucessos e nossas dificuldades durante o último ano. Veja, abaixo, nosso balanço anual.


Nossos sucessos no último ano

  • Firmamos parcerias pioneiras com o Google, que passou a indexar nossas checagens sob o selo "verificação de fatos" tanto no Google News quanto em sua ferramenta principal.
  • Primeiros signatários de um protocolo por mais transparência e ética na verificação do discurso público, fomos certificados pela IFCN (International Fact-Checking Network), cujo trabalho de aperfeiçoamento de boas práticas de checagem reúne mundialmente mais de 40 plataformas de checagem em todo o mundo.
  • Como consequência dessa certificação, desenvolvemos uma ferramenta de engajamento com o leitor chamada #vamosaosfatos, que hoje pode nos enviar sugestões de checagem.
  • Cobrimos consistentemente em 2016 as eleições municipais no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nesse período, chegamos a operar com dez jornalistas em nossa equipe. Como resultado, produzimos dois grandes especiais: Aos Fatos em tempo real, que escrutinou mais de 80 declarações ao vivo feitas por políticos durante todos os mais de dez debates televisivos do ano passado; Aos Fatos checa Cidade dos Sonhos, que analisou quase duas centenas de declarações de candidatos ao longo de toda a campanha municipal. Aos Fatos ainda colaborou num esforço coletivo de checagem em tempo real de um debate entre candidatos a prefeito no Rio de Janeiro com plataformas parceiras.
  • Usamos as redes sociais como catalisadores de audiência, sobretudo durante a cobertura em tempo real das eleições municipais. Temos 117 mil seguidores no Twitter e quase 27 mil curtidas na nossa página no Facebook.
  • Lançamos o Aos Fatos Lab, que, entre 2016 e 2017, teve dentre seus clientes o coletivo de organizações do terceiro setor Cidade dos Sonhos, a ONG Transparência Internacional e o ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade). Com este último, lançamos em abril o curso Fatos e Dados, que, durante quatro aulas online transmitidas ao vivo, se propôs a ensinar a checar informações e a usar ferramentas básicas do jornalismo de dados.
  • Arrecadamos neste ano R$ 34,3 mil de 350 leitores e apoiadores que acreditam que checagem de fatos importa e que fazemos um bom trabalho para separar fato de ficção.
  • Integramos o Projeto Credibilidade, uma iniciativa liderada pelo Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo) com o objetivo de promover, tanto em veículos novos quanto em tradicionais, práticas que assegurem qualidade, transparência e, obviamente, credibilidade.
  • Repercutimos em veículos nacionais e internacionais, sobretudo quando a expressão "pós-verdade" ganhou tração nas redes.

Nossas dificuldades no último ano

  • Quando completamos um ano, firmamos um compromisso: fazer checagens em vídeo. À exceção de alguns raros episódios não muito satisfatórios, Aos Fatos não conseguiu cumprir sua promessa. Essa ideia também foi a premissa de nosso crowdfunding e seria viabilizada caso antingíssemos a meta de arrecadar R$ 50 mil. No entanto, como esse valor não foi alcançado, a equipe no momento tenta buscar em parcerias o desenvolvimento de conteúdo audiovisual.
  • A própria campanha financiamento coletivo, embora bem sucedida, poderia ter se saído melhor: atingimos 68% da nossa meta — quantia superior àquela arrecadada primeira campanha, porém insuficiente para cumprir plenamente alguns compromissos. Para Aos Fatos, o difícil cenário econômico do país foi o principal motivo para que a meta não fosse atingida.

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