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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

10 dicas para checar vídeos virais nas redes sociais

Por Daniel Funke

2 de abril de 2018, 18h30

Este manual foi produzido pela International Fact-Checking Network por ocasião do Dia Internacional do Fact-Checking, em 2 de abril.

De todos os tipos de desinformação que você pode receber, os vídeos são os mais difíceis de checar.

Em primeiro lugar, eles não são fáceis de serem pesquisados, diferentemente do que acontece com textos e fotos. Você não pode simplesmente colar ou fazer o upload de um vídeo no Facebook ou no Google para ver se ele é verdadeiro ou mesmo se ele tem grande alcance.

Em segundo lugar, atualmente, não há qualquer maneira de ver quais vídeos estão se tornando virais no Facebook, no Twitter ou no Instagram. Eles são verdadeiras caixas pretas, e os checadores costumam se queixar disso na hora do trabalho de verificação.

Além disso, há o fato de que está ficando cada vez mais fácil criar vídeos falsos — e mais complicado detectá-los. A tecnologia do deep fake baseia-se na inteligência artificial. Permite alterar imagens e, por exemplo, usar o rosto de uma celebridade no corpo de outra pessoa.

Infelizmente, os checadores ainda não têm um metodologia definitiva e consolidada para verificar os deepfakes, mas abaixo há uma lista de boas práticas. Sugestões que você pode levar adiante.

1

Pense criticamente. Antes de dissecar o vídeo em si, veja se há mais alguma coisa que você possa usar para desmascará-lo ou confirmá-lo. Ele foi divulgado na mídia? Existe algum ponto no vídeo que parece obviamente manipulado?

2

Procure identificar se há linguagem exaltada e se faltam informações básicas como quem, o que, quando, onde, por que e como. Se a constatar a presença da primeira e a ausência do segundo conjunto, você tem um bom indicador de que o vídeo pode ser enganoso.

De Dan Evon, gerente de conteúdo do site Snopes: “Se o vídeo usa insultos ou linguagem humilhante, há uma boa chance de que o texto que o acompanha esteja contando apenas uma versão parcial (ou completamente fictícia) da história… Que informação foi compartilhada com o vídeo? Eu sempre achei vídeos sem informação básica muito suspeitos.”

3

Veja se os detalhes do vídeo mudam dependendo de quem o compartilha. Se uma postagem disser que um vídeo ocorre em um país, enquanto outro diz que isso não acontece, isso deve levar a uma reflexão. “As histórias dos vídeos fraudulentos são frequentemente alteradas para atender a determinados públicos”, diz Evan. Além disso, assista à gravação e leia o texto que a acompanha separadamente.

4

Use ferramentas como o YouTube Dataviewer da Anistia Internacional ou faça o download da extensão de navegador InVid. Enquanto o primeiro se concentra exclusivamente no YouTube, o segundo permite que as pessoas colem um link do YouTube, Facebook ou Twitter para obter mais informações sobre suas origens, além de extrair frames para uma inspeção mais detalhada.

De Denis Teyssou, gerente editorial do Agence France Presse MediaLab, que ajudou a criar o InVid: "Ele permite que você descubra se o vídeo já foi publicado antes e também onde o vídeo foi filmado, porque a pesquisa de similaridade pode reconhecer algum lugar, algum ponto de interesse... A maioria dos vídeos que vemos são apenas vídeos descontextualizados, vídeos que já existem na web e são usados ​​em outro contexto”.

5

Se você estiver no celular, faça uma captura de tela do vídeo que recebeu e faça o upload para um serviço de pesquisa de imagens reversa para ver se ele está publicado em outro lugar na internet. Isso pode lhe dar uma pista sobre a veracidade dele. O Google e o TinEye são ótimas ferramentas para isso.

6

Se puxar frames individuais do InVid não funcionar, tente reduzir a velocidade do vídeo usando um software como o VLC para ver as transições. Em vídeos falsos, é relativamente fácil saber quando uma cena é manipulada se você assisti-lo em câmera lenta. Como alternativa, tente usar o FFmpeg para obter frames mais detalhados e, em seguida, execute uma pesquisa de imagem reversa.

7

Faça o download do vídeo e veja seus metadados. Embora a maioria das plataformas de mídia social retire essas informações quando alguém faz um upload, se você tiver o material original, pode haver pistas sobre a origem dos vídeos. Tente usar o navegador do seu computador ou ferramentas como o Exiftool.

8

Se o vídeo vem de fora, use o software de geolocalização para verificar se ele realmente é de onde afirma ser. O Google Earth e o Wikimapia, uma coleção de imagens de satélite de usuários, são boas ferramentas para isso.

De Christiaan Triebert, investigador digital e treinador da Bellingcat: “Nós usamos ferramentas de geolocalização com frequência. Se você souber a localização do vídeo e ela estiver correta e verificada, provavelmente encontrará mais informações relacionadas ao caso. Descubra onde ele foi filmado, encontre as dicas que aparecem no vídeo e combine isso com as imagens de satélite".

9

Verifique a hora em que o vídeo foi filmado. Se houver sombras visíveis, você poderá determinar quando a filmagem aconteceu verificando a direção do sol em um período específico do ano usando ferramentas como o Suncalc. Isso pode ajudar você a certificar ou desacreditar um vídeo.

10

Se tudo isso falhar, tente fazer uma pesquisa rápida de algumas palavras-chave relacionadas ao vídeo no YouTube. Triebert diz que — especialmente com vídeos que recorrem a imagens de videogames para desinformar —, os fraudadores geralmente as puxam diretamente da plataforma usando as mesmas palavras-chave.

Para mais ferramentas de verificação de fatos, confira o guia aberto do Bellingcat. Tem uma dica que não está na lista? Envie para nós em factchecknet@poynter.org.


Tradução: Bárbara Libório, do Aos Fatos
Revisão: Tai Nalon, do Aos Fatos, e Cristina Tardáguila e Douglas Silveira, da Agência Lupa


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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